Ladainha- Cântico que é entoado na Roda de Capoeira, tradicionalmente na capoeira Angola, que, seguido a tradição, deve ser cantada por um Mestre - o mais velho e/ou mais considerado -, ou, com a autorização do Mestre da Roda , por um dos Capoeiristas que vão "fazer um jogo", ao "pé do Berimbau". As Ladainhas trazem em seu bojo a história da Capoeira e de seus grandes personagens , concepções de mundo, orientações a algum aprendiz etc. Segundo os "Velhos Mestres" da Bahia, enquanto a Ladainha está sendo cantada, não se realiza nenhum "jogo físico", é necessário aproveitar o momento para dedicar-se à concentração máxima, tendo em vista o correto entendimento da(s) mensagem(ns) que nela está(estão) contida(s).


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Toda Bahia chorou

Toda Bahia chorou
Toda Bahia chorou
No dia em que a Capoeira de Angola
Perdeu seu protetor

Mestre Pastinha foi embora
Oxalá quem o levou
Lá pras terras de Aruanda
Mas ninguém se conformou

Chorou general, chorou menino
Chorou mocinha, chorou doutor
Preta Velha, feiticeiro
Oganzi, Babalaô

Berimbau tocou Iúna
Um toque triste de Mestre
E a capoeira foi jogada
Ao som da triste canção

Da boca do mandingueiro
De dentro do coração
E não houve na Bahia
Quem não cantasse esse refrão

Iê! Lá vai menino
Mostra o que o Mestre ensinou
Mostra que arrancaram a planta
Mas a semente brotou

E se for bem cultivada
Vai dar bom fruto e bela flor

Ai, ai, Aidê (Coro)

Joga bonito
Que eu quero aprender

CORO

Mestre Pastinha,
Cantei pra você

CORO

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sábado, 1 de maio de 2010

Desapareceu no ar (Mestre Toni Vargas)

A roda tava repleta

Todo mundo estava lá

Eu no gunga estava alerta

Pois meu Mestre ia jogar

E quando meu mestre joga

Meu coração joga também

Eu vou quando ele vai

E venho quando ele vem

Berimbau tava arretado

O clima tava perfeito

Tudo muito organizado

Tudo bem, tudo direito

Os movimentos do Mestre

Eram poemas no ar

Era um artista jogando

A arte de se jogar

De repente veio um raio

Sem aviso do trovão

Engasguei no berimbau

Traído pela emoção

Numa fração de segundos

Eu vi meu Mestre no chão

É que o olhar de aluno

É lento pra acompanhar

Meu Mestre tinha sumido

Desapareceu no ar

Reapareceu sorrindo

Que é do jeito que ele faz

Era um negro roubando

A alma do capataz

Esse momento jamais

Vai sair da minha memória

Eu vi meu Mestre assinando

O seu nome na história

Vi Peixinho transformado

A maldade em brincadeira

Muito mais do que jogando

Sendo a própria capoeira… Iê viva meu Deus!